Rótulo da Cachaça Kamulaia

  • Publicado 8 meses atrás

Projeto: Identidade visual e rótulo para cachaça Kamulaia
Guanhães – MG
Fabricante: COPERCACEN | Cooperativa dos Produtores de Cachaça e Derivados de Cana-de-açúcar do Centro-nordeste de Minas Gerais Ltda.
Ano de criação: 2005
Designer: Luiz Henrique Diniz Miranda, Fonte 31 design, Belo Horizonte – MG, 1967
Técnica de ilustração: desenho aquarelado com tratamento digital no Photoshop
Técnica de impressão: Off set

Rótulo da Cachaça Kamulaia

Kamulaia era o nome dado para a cachaça pelos escravos da região de Guanhães, Minas Gerais. Justa e adequada homenagem, já que umas das histórias contando a origem da cachaça relata que foram eles, os escravos africanos, que deram início à produção do destilado brasileiro. A temática africana, no nome e design do rótulo, é mais uma prova da infinidade de temas que permeiam o universo da cachaça.

A cachaça [cachaca id=”6503″]Kamulaia[/cachaca], marca de pequenos produtores organizados na Cooperativa dos Produtores de Cachaça de Alambique e Derivados de Cana-de-açúcar do Centro Nordeste Mineiro – a Coopercacen – ganhou prêmio de melhor embalagem para exportação na Fispal Nordeste 2005 . E atraiu a atenção dos comerciantes que vislumbraram uma boa presença na gôndola, dada sua originalidade. “Ela não é nada tradicional, não se parece com os rótulos de cachaças mineiras que temos no mercado.” conta a gerente-geral da Coopercacen Fátima Aguilar.

O rótulo e embalagem da cachaça Kamulaia foram desenvolvidos pelo designer mineiro Luiz Henrique Diniz, da Fonte 31, com orientação e apoio do extinto projeto Via Design do Sebrae. Luiz Henrique  ressalta o trabalho do Sebrae, que na intermediação entre agências e pequeno produtor, ajuda na conscientização da importância de um trabalho feito por especialistas.

O rótulo anterior tinha como imagem uma tela do pintor Jean Baptiste Debret em que escravos movimentam uma moenda. Esta imagem revela uma visão negativa, equiparando o ser humano ao animal e que precisa ser combatida por aqueles que trabalham com a produção de um produto autenticamente brasileiro. O rótulo anterior foi criticado por movimentos de valorização do Negro, que convenceu o produtor a desvincular a marca desta imagem. “Para extrair o suco da cana, usavam-se engenhocas de madeira (moendas) movidas por animais, pelos escravos ou pela força da água.”

Aquarela sobre papel de Jean Baptiste Debret: Machine à exprimer le jus de la canne à sucre (Engenho manual que faz caldo de cana), Rio de Janeiro, 1822.

O novo rótulo, do designer Luiz Henrique Diniz, referencia a grandiosa contribuição do negro à cultura nacional, ainda observando a temática estruturada nos escravos africanos do período colonial.

A extensa pesquisa inicial foi fundamental no projeto e, segundo o designer, a etapa mais demorada: incluiu horas de estudo em livros de arte e até uma pesquisa de campo em Ouro Preto, em busca do repertório visual da rica cultura africana. Observou-se estamparia, pintura mural, cerâmica e a arte acadêmica, entre outras.

Fragmentos de tecido com lindas padronagens inspiraram o designer a criar o rótulo que remete à estamparia africana. A etapa seguinte tratou de adaptar a arte para o suporte gráfico, com o desafio de não perder o traço humano ao digitalizá-la. A rusticidade está presente também na tipografia manuscrita e desenhada exclusivamente para a cachaça Kamulaia.

O resultado é um rótulo que apresenta um conceito visual pouco explorado no universo imagético da cachaça, com embasamento conceitual e originalidade apurados.

Coleções

Uma seleção dos melhores artigos do Mapa da Cachaça em diferentes tópicos

Produção de cachaça

30 artigos

Envelhecimento de cachaça

15 artigos

História da cachaça

12 artigos

Como degustar cachaça

18 artigos

Coquetéis clássicos

14 artigos

Cachaça e Saúde

7 artigos

O melhor da cachaça no seu e-mail

Assine o Mapa da Cachaça

loading...