No século XIX, o termo quentão significava uma bebida feita a partir da mistura de cachaça e café, como podemos ver nesse trecho do livro Contos da roça, de José Piza (1900) ao explicar a expressão “gorpe de requentão”.
“Golpe é pequena quantidade. Golpe de água ou como eles dizem: górpe d´água, é um pouco de água. Requentão é café com pinga. A primeira vez chamam quentão e depois que vai segunda ao vez ao fogo – requentão”.
O quentão e o vinho quente são, ao que parece, lembranças do antigo e apreciado mulled wine, que teria sido criado pelo grego Hipócrates como uma bebida composta por vinho tinto, mel e especiarias. Mais tarde, os romanos teriam modificado sua receita, aquecendo o vinho da mistura para consumir a bebida nos meses frios e adicionando tâmaras para deixá-la mais doce e saborosa. No século XII, uma bebida similar, chamada spicy wine (algo como “vinho temperado” ou “vinho picante”), era amplamente conhecida em países como Espanha e França (onde a canela foi adicionada), e chegou nos séculos seguintes até a Inglaterra, Alemanha e países escandinavos, onde era conhecida como heated wine (“vinho aquecido”). Na Europa, a bebida era tradicional nas celebrações de Natal. Portanto, trata-se de uma bebida popularizada pelos romanos.
Ainda hoje, receitas semelhantes podem ser encontradas em outros países de clima mais frio, como o Hot Toddy, drinque antigo que mistura uísque, brandy ou rum com água, açúcar, limão e especiarias. Uma possível origem para o quentão seriam as tradições europeias de produzir nas festas natalinas o Gühwein, bebida que tradicionalmente leva vinho tinto misturado com cravo, canela e noz-moscada.
No Sul do Brasil, quentão é o nome dado para o que é chamado de vinho quente no Sudeste.
Durante o mês de junho, no inverno brasileiro, comemoram-se as festas juninas. Além da quadrilha embalada por músicas típicas, nada é mais comum nessa época do ano do que tomar quentão para se esquentar.
O quentão é uma receita tradicional com cachaça consumida em todo o Brasil. No entanto, no Sul do país existe uma versão chamada de quentão que leva vinho e não cachaça – no restante do país a mesma receita é chamada de vinho quente.
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