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ReporQuando recebemos o convite para falar sobre o Mapa da Cachaça na Itália, a ficha começa a cair e percebermos que estamos no caminho certo para a promoção da cachaça de alambique. O evento realizado pela Velier, empresa italiana de exportação e importação de destilados, tinha como foco o rum. Na verdade, o evento chamado de The Rum Day era reservado para falar exclusivamente sobre o destilado caribenho, primo mais novo da cachaça e que também tem como matéria prima a cana de açúcar. Mas a crescente oferta de novas marcas de cachaça de qualidade na Europa e a visão do idealizador do evento, Lucas Gargano, fizeram com que a bebida brasileira também tivesse destaque no dia do rum.
Entre os stands dos mais diversos tipos de rum, havia também marcas de cachaças de alambique chamando a atenção dos participantes. Das cinco marcas de cachaça que estavam presentes, apenas uma era industrial.
No primeiro dia de evento, Felipe Jannuzzi do Mapa da Cachaça, apresentou uma palestra mostrando seu trabalho desenvolvido nos últimos 5 anos em prol da cachaça de qualidade. A palestra se concentrou em revelar os aspectos culturais, históricos e sensoriais da bebida, como o uso de diferentes madeiras nativas para envelhecer o destilado. Afinal, se o rum só envelhece em carvalho, a cachaça pode passar por madeiras como amburana, jequitibá, ipê, bálsamo, castanheira, amendoim e muitas outras.
Uma das principais dúvidas do público presente era entender as diferenças entre rum agricole, também produzido do destilado do mosto fermentado do suco de cana, e a cachaça brasileira. O que pudemos perceber durante a palestra de Daniele Biondi, grande especialista em rum e que toca um projeto incrível chamado Rum Club (site com a proposta de mapear os principais produtores), é que o rum da garapa pode ter um teor alcoólico muito mais elevado, uma fermentação mais demorada, uma destilação realizada numa equipamento específico chamado coluna agricole e passa apenas no carvalho – todas essas diferenças resultam num produto sensorialmente bastante diferente da cachaça.
A palestra de Danielle foi muito interessante para quem pensa sobre cachaça: com o amadurecimento do consumo de rum no mercado Europeu e com a saturação de marcas, o mercado busca por diferenciações. Um caminho apontado por Biondi está na valorização do rum branco, aquele que não passa por madeira – caminho semelhante pode ser traçado no mercado da cachaça de alambique. Se por um lado Danielle Biondi quer valorizar o consumo puro do rum branco, palestras apresentadas por mixologistas buscam mostrar que quando o assunto é cocktail o rum pode ir além do Mojito – podemos aprender e evoluir também quando falamos da Caipirinha – drink mundialmente reconhecido mas que vem perdendo força para outros cocktails desde a década de 90.
Além de podermos compartilhar sobre a cultura, a história e os sabores do destilado brasileiro, o evento foi um benchmark importante para entendermos como trabalhar para unir o setor da cachaça de qualidade aqui no Brasil. No The Rum Day a mensagem era muita clara: o objetivo é gerar informação, compartilhar conhecimento e gerar negócios pensando num consumo consciente e de qualidade.
Além de muitas marcas de rum de diversas partes do mundo, os dois dias de eventos foram recheados com palestras de alto nível, com profissionais do calibre como Tony Conigliaro, mixologista norte-americano considerado um dos melhores do mundo; Bastian Heuser, um dos idealizadores do maior evento de coquetelaria do mundo, o Bar Convent Berlin; Simone Caporale, premiadíssimo barman italiano com muita experiência internacional; Dario Comini, mixologista favorito do Ferran Adri; e Marian Blake, especialista em releituras de cocktais com rum.
No The Rum Day a frase “a união faz a força” nunca fez tanto sentido dentro do mundo dos destilados. A iniciativa contou com produtores, distribuidores, mixologistas, pesquisadores e amantes da bebida. O mercado do rum na Europa encontrou uma autonomia e um senso crítico em busca da evolução da categoria – de muitas maneiras, podemos aprender com essa experiência e quem sabe… criar um dia exclusivo para discutirmos os caminhos do destilado brasileiro.
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