Cachaça Novo Fogo cria projeto de reflorestamento de árvores nativas em risco de extinção

  • Publicado 4 anos atrás

A Novo Fogo em parceria com Instituto Hórus e o Ekôa Park tem buscado recuperar o número de árvores de espécies raras, ou em risco de extinção, no litoral do Paraná

A destilaria Porto Morretes, produtora das cachaças Novo Fogo e Porto Morretes, encabeça o Projeto Un-Endanger: Salvando Árvores da Extinção. Essa iniciativa tem como parceiros o Instituto Hórus e o Ekôa Park, de Morretes (PR), que juntos visam aumentar o número de árvores de espécies raras, ou ameaçadas de extinção, que pertencem a área de Floresta Atlântica no litoral do Paraná, como jequitibá, pau-óleo, canelas, baguaçu, pau-sangue e maçaranduba .

marumbi parana morretes cachaca

Morretes localiza-se no litoral do Paraná, cercada pela Mata Atlântica e pela cadeia de montanhas do Marumbi

O projeto Un-endanger

O projeto Un-endanger consiste em duas etapas: a primeira fase foi de identificação e mapeamento das espécies que são raras, ou correm risco de extinção, no interior das florestas do litoral paranaense para que fossem coletadas as sementes dessas árvores. A segunda fase é de distribuição e plantio das mudas para que haja a recuperação desse ambiente que foi intensamente explorado no passado pela cultura extrativista madeireira.

O pontapé inicial do projeto começou com o fundador e presidente da Porto Morretes, Fulgencio Torres, que se deparou com uma dificuldade na hora de comprar barris de madeiras brasileiras para trabalhar com o envelhecimento das cachaças do portfólio de exportação da marca Novo Fogo, que conta com barris de castanheira, amburana e araribá.

“Quando tentamos comprar mais barris nos deparamos com a dificuldade de comprar barris feitos com madeira brasileira obtida de forma sustentável. E para nós acendeu uma luz amarela. Começamos a pesquisar para saber mais sobre o assunto e descobrimos que a maioria das madeiras brasileiras usadas para envelhecer a bebida ou estão ameaçadas de extinção, ou em extinção mesmo, sendo que algumas têm seu corte proibido, como é o caso da castanheira”, pontua o presidente da Novo Fogo.

O diretor de Marketing da Novo Fogo, o norte-americano Luke McKinley, acredita que o projeto Un-Endanger é um passo para recuperar algumas das espécies nobres da Floresta Atlântica e acredita que como produtor de cachaça essa iniciativa é uma garantia de que no futuro possa ter certeza de que os barris de madeira usados no processo de envelhecimento serão originários de fontes sustentáveis.

“Para a Novo Fogo, nosso projeto de reflorestamento é nossa história mais importante para explicar a conexão entre cachaça—uma bebida e patrimônio brasileiro—e o estado das florestas e ecossistemas do Brasil. O Projeto Un-Endanger é uma das nossas conexões mais fortes entre cachaça e sustentabilidade”, conclui McKinley

Madeiras usada para armazenagem de cachaça em extinção

As principais madeiras utilizadas no processo de produção da cachaça estão ameaçadas de extinção

Porto Morretes e Instituto Hórus

Para a elaboração do projeto, Torres buscou o auxílio de uma grande amiga e renomada profissional da área de engenharia ambiental, a Doutora Sílvia Ziller, fundadora do Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental, que contribuiu para que fossem feitas pesquisas sobre as espécies que iriam favorecer o ecossistema.

Durante essa fase de mapeamento, Sílvia chegou a conclusão de que era necessário fazer o plantio de árvores que estavam ameaçadas, ou que são raras naquela região, para que isso contribuísse com a recuperação do ecossistema.

“Ao invés de fazermos uma área única com o plantio de um monte de árvores, queremos fazer um plantio qualificado, com árvores que fazem falta na constituição da floresta, que hoje são raras e produzem poucas sementes e fica um buraco na Floresta Atlântica”, relata a engenheira ambiental.

O projeto começou a tomar forma em 2017, quando foram plantadas as primeiras árvores nos entornos da propriedade da destilaria Porto Morretes.

Com dificuldade de achar as sementes de tais espécies em viveiros, foi-se acionado um botânico especializado que saiu para fazer expedições de coleta na floresta – tudo baseado na lista de espécies listadas por Sílvia. As sementes coletadas foram entregues nos viveiros do Ekôa Park e também do Instituto Ambiental do Paraná, com sede em Morretes.

“A coleta das sementes foram feitas em árvores matrizes, que são de grande porte com até 35 metros de altura, então por muitas vezes tivemos de fazer uma escalada para chegar até o topo e conseguir esse material, o que foi um processo complexo”, relembra Sílvia.

De acordo com engenheira ambiental, para que as mudas germinassem foi feito um guia com uma ficha técnica de comportamento de cada tipo de semente, porque cada planta tem uma performance diferente com relação à estrutura necessária para plantio e condições de germinação, o que exige uma dedicação especializada para que elas sejam prósperas. Este guia é atualizado sempre, de acordo com as observações e estudos relacionados ao projeto.

“Plantar as mudas da forma correta é também nossa preocupação. Cada muda necessita das condições certas para ser plantada em termos de local, sombreamento, umidade, etc” relata Fulgencio Torres.

A engenheira ambiental Sílvia (à dir.) projeto Novo Fogo

A engenheira ambiental Sílvia (à dir.) durante o processo de plantio das mudas do projeto Un-Endanger, da Novo Fogo (foto: arquivo Novo Fogo)

Projeto em parceria com a população de Morretes

As mudas estão em produção e a expectativa é que a distribuição dessas espécies comece no mês de março de 2020, para que o reflorestamento dessas zonas que foram prejudicadas com a exploração madeireira se recuperem de forma horizontal no litoral do Paraná. Para a difusão das mudas, Sílvia e seus colaboradores estão em contato com os donos de propriedades na região.

A demanda por fontes sustentáveis para produção dos barris foi a motivação da Porto Morretes para colaborar com o projeto, que hoje conta com a dedicação dos produtores em plantar centenas de árvores nas proximidades do alambique – um exemplo para todo a cadeia de produção de cachaça.

“Na nossa propriedade em Morretes já plantamos mais de 500 árvores nativas da região. Recuperamos uma área às margens de um riacho , depois de eliminarmos uma espécie invasora que tinha dominado o ambiente…Estamos catalogando neste momento os parceiros que terão prioridade em receber as mudas do viveiro”, conclui animado o presidente da cachaça Novo Fogo.

Projeto Cachaça Novo Fogo

Um dos processos de coleta de sementes foi feito através de escaladas aos topos das árvores (foto: arquivo Novo Fogo)

Foto: Emily Axinte

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