Tradicional cachaça de Abaíra ganha Registro de Indicação Geográfica

  • Publicado 9 anos atrás

O Registro de Indicação Geográfica garante à cachaça o reconhecimento da reputação, qualidades e características vinculadas à região da Chapada Diamantina.

Segundo o Mapa da Cachaça , o Registro de Indicação Geográfica (IG) é conferido a produtos ou serviços característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de distingui-los em relação aos seus similares disponíveis no mercado. Esses são produtos que apresentam qualidade única em função de recursos naturais como o solo, a vegetação, o clima e o saber fazer (know-how ou savoir-faire). O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) é a instituição que concede o registro e emite o certificado.

O especialista em cana-de-açúcar e cachaça, técnico agrícola da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e chefe do escritório de Abaíra, Nelson Pereira, afirma que “a indicação geográfica garante melhores condições de trabalho, gerando segurança do produto, microrregião, além de aumentar as perspectivas de geração de emprego e novos negócios, ao passo que amplia a confiança dos consumidores no produto”. Já o o presidente da Associação dos Produtores de Aguardente de Qualidade da Micro Região de Abaíra (Apama), Evaristo Carneiro, destaca que “o selo de indicação geográfica garante a exclusividade do produto da região de Abaíra, e, além disso, envolve direta e indiretamente mais de duas mil famílias dentro da cadeia produtiva da cana-de-açúcar”.

Para o Mapa da Cachaça, este reconhecimento enriquece ainda mais a discussão e colabora para a valorização do produto enquanto patrimônio nacional. Em um artigo recente, Felipe Januzzi fala sobre o terroir, ou seja, o território da cachaça, características próprias da região de produção. O conceito eleva o produto a níveis mais elevados de conceito e credibilidade no mercado, como acontece, por exemplo, com o Champagne, produzido exclusivamente na região de Champagne, na França.

Felipe afirma que “além de estudos científicos, pesquisas antropológicas e culturais, precisamos cada vez mais estimular o debate. Livros, sites, blogs, artigos acadêmicos, documentários, eventos de degustação, rodas de bar e outras formas de conteúdo e comunicação precisam ser criadas para que a cultura do território seja bebericada devagarinho e que seja absorvida naturalmente. É um investimento e um esforço coletivo que leva tempo – infelizmente, se o mercado não sair da inércia, corremos o risco de encontrarmos cada vez mais cachaças de baixa qualidade e que não representam uma tipicidade e identidade. Daí, teremos no mercado o  ‘mais do mesmo’, quando ganha aquele que gritar mais alto”.

A cana-de-açúcar no contexto econômico social da Chapada da Diamantina

A Secretaria da Agricultura do Estado da Bahia (Seagri), através da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (Ebda), incentiva a cultura da cana-de-açúcar, desde a plantação até a produção da cachaça na região, que engloba os municípios de Abaíra, Jussiape, Mucugê e Piatã. A Seagri/Edda garante assistência técnica (Ater) gratuitamente, aos agricultores familiares, que fazem da cana sua principal fonte de renda. Onze agroindústrias estão instaladas na região da Chapada Diamantina. Neste contexto, a Ebda junto com os agricultores vêm buscando o aperfeiçoamento da produção, através de assistência técnica e capacitação dos produtores, modernização das agroindústrias, além da introdução e organização de novas variedades. O governo do Estado estimula também o associativismo, criando um modelo de produção sustentável e agroindústrias comunitárias. De acordo com o presidente da Ebda, Elionaldo Faro Teles, “a cana-de-açúcar é uma das cadeias produtivas mais importantes, por seu aspecto social, envolvendo milhares de agricultores familiares. Por isso mesmo, a Ebda olha para esse segmento com prioridade, criando condições necessárias para o seu desenvolvimento”.

“Orientamos os agricultores para que a lavoura da cana-de-açúcar tenha boa produtividade, sobre a importância da adubação orgânica, desde as análises de solo, até a escolha da variedade mais produtiva e resistente a doenças, e o espaçamento correto entre plantas”, disse o engenheiro agrônomo da Ebda e técnico da Ater, Rafael Rocha. Com o desenvolvimento das pequenas agroindústrias, novos investimentos foram possíveis através do Programa Nacional de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Pronaf) do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e Banco do Brasil (BB), e também pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE).

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