Versinhos do jornalista Sidnei Maschio mostram que a cachaça e a cultura caipira são galhos da mesma árvore plantada no coração do Brasil
Abaixo dois trechos do livro Versinhos de Caipira – Terceira Fornada – escrito pelo jornalista e apreciador de cachaça Sidnei Maschio que retratam da cachaça.
1.
Galinha não bota pela primeira vez
se não tiver no ninho um ovo indês,
e eu não toco a primeira moda se não tiver na roda
bebida boa, uma tantada de broa
e uma paixão pra me encher o coração de inspiração.

2.
Vou chamar o meu amigo e compadre João Donato
pra ir comigo de tardezinha na vendinha da dona Rosa,
tomar uma que esquenta prosa, mas que não engasgue o
gato.
Quero ver se eu consigo convencer ele a entrar num
entendimento
e me vender, mesmo que não seja barato, aquele jumento
pelo de rato, pra eu pôr com a minha égua marchadeira,
que é boa criadeira e haverá de me dar uma muladeira de
primeira.
Sobre o livro Versinhos de Caipira:
Mais do que um resgate de palavras e expressões perdidas no tempo e na história do Brasil sertanejo, ” Versinhos de Caipira – Terceira Fornada” retrata um pedaço generoso da alma e da vida do caipira brasileiro. O autor viaja pelo cotidiano do boiadeiro, do roceiro e do todo o povo simples do sertão brasileiro, desvendando um universo de extraordinária riqueza cultural e humana, que se manifesta no trabalho e nas relações dos indivíduos com a natureza e com os seus grupos sociais. O Transporte da boiada, o mutirão de trabalho coletivo, a construção do rancho, a viola e a cantoria, o dia e a noite, o sol e a lua, a solidão do sertão; o mote é farto e enseja o verso para cantar saudade, felicidade, tristeza, alegria, orgulho, solidariedade, o sentimento que povoa o generoso coração do caipira e que fez dele um dos pilares da construção de uma identidade brasileira
Ilustrações por Rafael Oliveira
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