Balcão do Bar do Capa II

  • Publicado 12 anos atrás
crônicas e contos - balcão do bar do copa

O Homem- Balcão por Nazareno

Uma velhinha, vinda de Grão Mogol para exames médicos, apanha o moto-taxi do Geraldão Durães, que tomava uma crua no balcão. Rodou hospitais e laboratórios. Ao retornar ao ponto, agradeceu e foi saindo de fininho.

Geraldão, que estava doido para tomar uma gelada com o polpudo pagamento daquela corrida, foi logo dizendo: “Olha o pagamento, minha senhora!” A anciã, esperta, aplicou o 171 urbano. Mostrou a sua carteira de passe livre e disse: “Tenho mais de 65 anos! Não pago transporte, moço!”

Já Virgilão, um notívago posudo e malhado chega ao bar com as mangas da camisa arregaçadas para exibir os seus volumosos bíceps e dar uma sugesta na galera que habitualmente toma umas no balcão. Fez pose, tomou duas e ao sair à porta, levou o maior susto. A malandragem de plantão nas proximidades não respeitou a exibição e, carteando marra, surrupiaram a sua bicicleta modelo 1967.

Na verdade, aqui no Bairro Morrinhos prevalece à máxima que é lei das ruas: “Malandro é malandro, Mané é Mané.”

Zé do Gás é um freqüentador do Bar do Capa. Ao longo do dia chega de tempos em tempos, pede uma branquinha e se justifica: “Bota essa, Sorin, que é para eu varrer o quintal!” E toma outras para se barbear, almoçar, espantar a tristeza, esperar a patroa chegar e mais outra antes de dormir…

Já o Bacana chega ao bar, sempre de mansinho. Pede uma dose da cachaça conhecida como Chorona. Na segunda lapada já está às lágrimas. João do caminhão, conhecido como Trovão Azul, chegou, bebeu várias e viajou até a localidade de Mandacaru.

Foi dar uma de zagueiro contratado, astro da pelada da roça. Mas, logo cometeu uma infração grave. O árbitro curraleiro que apitava a partida aplicou-lhe o competente cartão amarelo. Inflamado pela mística da alma da cachaça ingerida, Trovão tomou os cartões do juiz e lhe deu um vermelho. Em seguida, ainda botou Sua Senhoria para correr, ameaçando-o de lhe enfiar os cartões no forever!…

Sorin, o cabeludo gerente do balcão do Capa, vez por outra dá uma sapituca. Para manter a moral no pedaço, fala grosso. Abre os braços teatralmente e dá conselhos para os notívagos, pra Deus, Raimunda e todo mundo!

Como é sortudo, vez por outra abocanha um terno no jogo do bicho e fica estribado.

 

foto: Nazareno

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