O meu consolo é viver nesta alegria
Cambaleando, vendo a lua em pleno dia
O meu consolo é viver sempre na água
Porém meu peito não conhece o que é mágoa
Os taberneiros já não podem vender mais
Depois das sete não posso tomar meu gás
Mas sou um cabra que não perco a minha linha
Trago no bolso sempre a minha garrafinha
Quando eu passo um só momento sem beber
Fico maluco, pensando até que vou morrer
Mas dos paus-d’águas sou o rei, sou coroado
E na tendinha sou freguês considerado
Quando eu morrer quero em minha sepultura
Uma das pipas, das maiores, sem mistura
O encanamento que me venha até a boca
Em pouco tempo deixarei a pipa oca
Ninguém repare, este é o meu natural
Ninguém repare, este é o meu moral
Ninguém repare eu andar cambaleando
Adeus, adeus, que já são horas, vou chegando