Não há resultados correspondentes à sua busca.
ReporNos últimos tempos ouvimos muitos produtores de cachaça afirmando que reaproveitam o vinhoto nas lavouras de cana-de-açúcar como adubo, ou na alimentação do gado. Mas afinal de contas, o que é o vinhoto?
O vinhoto, ou vinhaça, é um composto químico líquido que surge através do processo industrial que transforma a cana-de-açúcar em álcool. Essa substância residual é composta por água, matéria orgânica e rica em proteína e também minerais, como potássio. O cálculo estimado é que para a produção de cada litro de álcool são gerados entre 10 a 12 litros de vinhaça.
A vinhaça também surge na produção do melaço (que é a sobra da produção de açúcar), porém os níveis de quantidade de elementos encontrados pode variar. No passado não tão distante, o vinhoto era o pesadelo dos produtores e dos ambientalistas, que não sabiam o que fazer com essa sobra e acabavam fazendo o descarte em áreas de rios e mananciais, o que degradava o meio ambiente.
Porém com pesquisas avançadas voltadas para o setor, descobriu-se que o vinhoto podia ser um aliado na cadeia produtiva do cultivo da cana-de-açúcar tendo como principal função a adubação do solo, por conta da alta concentração de potássio – mineral que ajuda no processo de fotossíntese, absorção de nutrientes e outras reações enzimáticas da planta.
Caso a propriedade em que é produzida a cana-de-açúcar também tenha criação de animais, o vinhoto in natura pode ser usado na suplementação da alimentação, já que é um subproduto rico em matéria orgânica e proteína bruta, e é um ótimo alimento para algumas espécies de peixes – como mostrado em artigo científico do Journal of Environmental Management.
Apesar de o uso da vinhaça na adubação ter resolvido o problema dos descartes indevidos na natureza, ainda é pesquisado qual o impacto que este subproduto pode ter no solo de tais plantações.
Uma pesquisa conduzida pela Esalq-Usp, de Piracicaba, fez uma avaliação de como reagiam os organismos que vivem no solo e que dependem dele para viver após a utilização de vinhaça na adubação. Na fase investigativa, foram aplicadas diferentes concentrações de vinhoto em solos distintos e foram observados seres vivos comuns a esses habitats, como as minhocas, pequenos artrópodes e ácaros.
O que os estudos revelaram nessa primeira fase é que os locais que receberam altas concentrações de vinhaça na aplicação no solo tiveram a vida de alguns organismos comprometidos, em que foi-se constatado a diminuição da fauna local e também na diversidade dos micro-organismos. Ou seja, o mais adequado até o momento é um uso controlado da substância através de análises preventivas e monitoramento.
A Agência Embrapa de Informação Tecnológica (Ageitec), também constatou que o uso excessivo da vinhaça pode provocar o retardamento da maturação da cana, com a redução da sacarose na planta – o que prejudica o resultado final. Outra preocupação é que de que o uso do resíduo a longo prazo possa também afetar os lençóis freáticos.
Enquanto as pesquisas avançam nesse sentido, o mais indicado até o momento é utilizar o vinhoto de forma controlada para evitar possíveis problemas no futuro. A ideia é que se crie uma regulamentação que utilize ensaios ecotoxicológicos para analisar os efeitos de produtos químicos no meio ambiente e em todo ecossistema em um futuro próximo (que seria o ideal).
A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) vem regulamentando a aplicação da vinhaça nos solos de plantações. O objetivo geral deste controle seria evitar danos ambientais, principalmente os de caráter químico e físico.
Portanto a conclusão até o momento é de que a vinhaça deixou de ser um incômodo para o produtor, que pode reutilizá-lo na adubação do solo, porém de forma controlada – até que as pesquisas avancem e tragam a solução para melhorar o uso deste subproduto – que podem ser as análises individuais de cada ecossistema e também de cada solo.
Uma seleção dos melhores artigos do Mapa da Cachaça em diferentes tópicos
Não há resultados correspondentes à sua busca.
ReporO melhor da cachaça no seu e-mail