No norte de Minas Gerais, às margens do rio São Francisco, localiza-se Januária, cidade que já teve na produção de açúcar e aguardente sua principal fonte de renda.
No Mapa da Cachaça lançamos a série Territórios da Cachaça. No artigo apresentamos o território de Januária, cidade que junto com Salinas, representa a força da cachaça no norte de Minas Gerais.
Breve histórico da cachaça de Januária
Outrora, Januária foi referência em produção de cachaça artesanal pelo clima propício para a plantação de cana-de-açúcar, cultura que se estabeleceu na região com as primeiras mudas que chegaram do Recôncavo Baiano no século XVIII. A importância do rio São Francisco para o transporte de mercadorias e a identidade dos aromas e sabores das cachaças locais, oriundos do armazenamento da bebida em barricas de amburana, também contribuíram para o sucesso da produção de Januária. Mas a ganância de alguns produtores, primando pelo aumento do volume em detrimento da qualidade, a concorrência com outros polos de produção, a falsificação, a falta de incentivo e a perda da importância de Januária como entreposto comercial no fim da década de 1960 foram alguns fatores que levaram ao fim da fama de terra da cachaça.
“Saltem um cálice de branquinha potabilíssima de Januária, que está com um naco de umburana macerando no fundo da garrafa!”
Guimarães Rosa, “Minha gente”, Sagarana
Características de produção da cachaça de Januária
Os pequenos produtores continuam trabalhando com grandes engarrafadoras que mantêm a tradição da cidade em produzir cachaças estandardizadas, armazenadas em tonéis antigos de amburana.,
Teor alcoólico: 44-48% (potentes)
cana: variedades conhecidas como pé-duro
fermentação: leveduras selvagens e uso do fubá de milho e outros substratos
madeiras: majoritariamente a amburana
cor: amarelo-palha
famílias aromáticas e sensações: Vegetal (grama), adocicada (garapa, melado), especiarias (canela), medicinal, adstringente, picante.
Orlando Paggiaro
fevereiro 17, 2022 at 2:12 pmBom trabalho.
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