Uma produção sustentável de cachaça não é apenas economicamente eficiente, mas também ecologicamente prudente e socialmente desejável.
Além da qualidade da bebida, os consumidores começaram a se preocupar também com os impactos da produção de cachaça no meio ambiente. A procedência passa a ser um valor importante e é mais um atrativo para consumidores ecologicamente conscientes que buscam cada vez mais cachaças orgânicas e valorizar uma produção sustentável.
As Cachaças Orgânicas
As marcas de cachaça orgânica têm se destacado no mercado pela produção sustentável, qualidade da bebida e pelo compromisso com o meio ambiente. Elas podem ser identificadas por selos de produto orgânico colados ou impressos no rótulo da cachaça, sendo o mais comum aquele certificado pelo IBD (Associação de Certificação Instituto Biodinâmico). Adquira rótulos desse tipo para incentivar a produção sustentável e sem o uso de agrotóxicos.
Buscando um diferencial em relação às outras marcas, uma melhora na qualidade do líquido e até uma valorização do seu valor no mercado, os produtores das cachaças orgânicas estão tomando medidas que reduzem o impacto da produção do destilado no meio ambiente. A seguir, algumas das principais práticas:
- Plantar a cana em áreas previamente desflorestadas, sem desmatar novos espaços.
- Cortar a cana sem queima para limpar as folhas. Infelizmente, essa é uma prática comum na agricultura que traz como consequência a emissão de gases poluentes e a esterilização do solo.
- Reutilizar a água usada para irrigar a plantação de cana-de-açúcar e resfriar os vapores do vinho de cana durante a destilação. Alguns alambiques chegam a reaproveitar 90% de toda a água utilizada.
- Evitar o uso de veículos motorizados no corte e no transporte da cana-de- açúcar. A queima de combustível pode afetar a qualidade da cana, além de poluir a atmosfera.
- Controlar as pragas da cana-de-açúcar de forma biológica, com a liberação de predadores naturais, como as vespas Cotesia flavipes, para combater a broca (larva da mariposa noturna chamada Diatraea saccharalis). Alguns produtores usam também o nim (Azadirachta indica), planta indiana usada como inseticida natural (de modo geral, os produtores de cachaças orgânicas não utilizam pesticidas no canavial).
- Usar apenas ingredientes orgânicos no processo de produção – além da cana-de-açúcar, também milho, arroz ou outros nutrientes de levedura utilizados durante a fermentação.
- Durante a fermentação, utilizar apenas ingredientes orgânicos como o suco de limão para corrigir a acidez do mosto. Algumas cachaças industrializadas usam ácido sintético e outros compostos químicos, que inviabilizam o selo de cachaça orgânica e ainda podem prejudicar a qualidade sensorial da bebida.
- Construir a unidade de produção de modo que o líquido resultante das diferentes etapas seja transportado de uma fase para outra utilizando apenas a força da gravidade. Dessa forma, economiza-se também energia no uso de bombas elétricas.
- Coletar a água da chuva e usá-la para diluir o caldo de cana a fim de diminuir o brix.
- Aproveitar a energia solar para gerar eletricidade para a moenda e outros equipamentos da unidade de produção.
- Reutilizar o bagaço remanescente da moagem para adubação do solo como alimento para caldeira no lugar de lenha e até mesmo para fazer caixas de papelão. As cinzas do bagaço usado na caldeira são ricas em minerais e podem ser usadas também para enriquecer o solo.
- Reaproveitar o vinhoto ou a vinhaça, líquido que sobra no alambique após a destilação, como adubo na plantação ou alimento para animais. Apesar de ser altamente poluente, depois de um tratamento adequado ele é rico em matéria orgânica e nutrientes.
- Destilar a cabeça e a cauda, frações que não compõem a cachaça final engarrafada para consumo, em pequenas colunas de inox a fim de produzir álcool (combustível para veículos). Em vez de descartar essas frações, alguns produtores também as redestilam para produzir álcool potável para preparar aguardentes compostas e licores.
- Utilizar madeiras com procedência, que não estejam ameaçadas de extinção, para criar novas barricas.
Augusto
maio 7, 2011 at 2:01 pmTudo bem que o uso de veículos motorizados polui a atmosfera e pode afetar a qualidade da cana, mas transporte por carros de boi já complica muito eim! heueu
Muito boa a matéria! Curti bastante!
Abraços!
mapadacachaca
maio 8, 2011 at 11:58 pmÉ um pouco radical mesmo… mas alguns produtores usam dessas práticas para a produção de uma cachaça de excelente qualidade. Um desafio: Vamos comparar depois para ver se influência realmente no sabor? abraços
KLicia
maio 20, 2011 at 10:09 pmAdorei a materia, e concordo que o uso do carro de boi e complicado, porem se for pra melhorar cada vez mais a qualidade da cachaça e melhor ainda pra ajudar o meio ambiente isso é super valido. Afinal de contas nao dizem por ai, que o que e mais dificil ou mais complicado e mais gostoso? Pois no fim agente vai apreciar sabendo que fez a coisa certa para que o produto final saisse da melhor qualidade possivel.
mapadacachaca
maio 20, 2011 at 10:33 pmOi Klicia, é verdade… com cuidado e carinho fica muito mais gostoso mesmo! Fico feliz que tenha gostado da material. bjos
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