O esforço das industriais na valorização da Cachaça em 2011

  • Publicado 12 anos atrás

Já falamos de marcas de whisky valorizando o orgulho brasileiro (veja na propanda “O verdadeiro despertar do gigante), mas hoje vamos comentar algumas das principais ações de publicidade que rolaram no mundo da Cachaça nesse ano de 2011 por parte das marcas industriais.

A primeira que vamos ver é a campanha “Uma Boa Ideia é ser Brasileiro”, criada pela agência Loducca em agosto deste ano para a marca [cachaca id=”3767″]51[/cachaca].
Trazendo a história de dois brasileiros que tiveram uma “boa ideia e se destacaram no meio em que vivem”, a campanha traz as histórias de Sotero Nascimento, o “homem copiadora”, e Estevão da Conceição, tido como o Gaudí brasileiro. Veja os vídeos.

51 Homem Copiadora

51 Estevão da Conceição

Conceitualmente falando, a campanha da 51 consegue demonstrar a riqueza das coisas e pessoas simples, expressando o conceito da marca de uma forma muito interessante. Tem a possibilidade de atrair principalmente a atenção da classe AB para a marca, que não é sua principal consumidora, mas se conecta hoje com a riqueza do que chamamos de naïf e do simples. Creio que essa última campanha tenha grande potencial para elevar sua imagem de marca e, por consequencia, também a da Cachaça como um todo – já que a líder 51 tem a força de representar a categoria na mente dos consumidores (seja este fato bom ou ruim).

Academia Sagatiba de Caipirinha

A [cachaca id=”7205″]Sagatiba[/cachaca] manteve esse ano sua proposta um pouco mais sofisticada e “descolada”. Com a campanha “Academia Sagatiba de Caipirinha” (que já comentamos aqui), traz o universo da “inteligência” de uma forma cômica e a proposta da utilização da bebida no drink nacional – a caipirinha. Seguindo a proposta da marca, a campanha é mais voltada para o público AB. E é muito interessante notar como toda sua estratégia de marketing deu muito certo – a marca é vista como diferenciada na categoria até hoje. No entanto, é difícil ver um produto industrial atendendo a um público cujo gosto é um pouco mais sofisticado e acostumado a um certo cuidado sensorial-gustativo maior – melhor atendido por marcas de alambique. É aí que fica um gap, um degrau, entre a realidade e a imagem projetada da marca – na minha opinião e na de alguns colegas.

Black 51

A novidade do momento que está aos poucos conquistando a mídia e as mídias sociais, é a Black 51 – que eu ainda não experimentei nem vi exposta no mercado. O lançamento da Cia Muller traz uma proposta diferente para o mundo da Cachaça, com uma campanha mais próxima do “moderno” e do jovem do que usualmente a bebida está. Procurando atrelar o produto a ideia de noite e balada, a campanha é centrada no tema “The night is Black”, “A Noite é Black”.

Mais uma vez neste ano, a marca se esforça para falar com o jovem, e, ao menos na campanha, consegue falar com ele. A cor do produto – o líquido é de tom roxo escuro, quase preto, como se vê nos anúncios e nos releases –, a bebida desperta atenção. A campanha também conta com ações em midias sociais e em baladas, e com a participação do ex-BBB Diego Alemão (criadas pela agência Fess’Kobbi). Só é interessante ver que, nem no site, nem no vídeo, se explica do que é feito o produto – depois de fuçar um pouco é que se descobre que se trata de um drink pronto com “frutas silvestres”. O foco é na cor, na “noite” e na balada. Vamos ver no que vai dar. Já prenuncio que dificilmente essa novidade vai agradar os mais puristas – e deve receber algumas críticas. Mas acho válido mostrar que o álcool da cana é bastante versátil para ser misturado com outros ingredientes.

Ypióca

Já a tradicional[cachaca id=”3741″]Ypióca[/cachaca] coloca Murilo Rosa estrelando uma campanha cujo foco é o consumo da Cachaça (estreou em setembro no Ceará).

Aos moldes do “Experimenta” de Nova Schin, Murilo sai às ruas declamando as características do bebedor de Cachaça: descontraído e autêntico são as qualidades mais frisadas. A escolha do ator é impecável: Murilo tem feito papéis interessantes no cinema nacional, que se conectam com um espírito do interior do Brasil e de valorização de nossa cultura. Ao mesmo tempo, ele guarda certo ar de “sofisticação” sem ser arrogante, o qual trabalha a favor da proposta da campanha. No entanto, a utilização da engraçada e tradicional musiquinha de Elizeth Cardoso (“Eu bebo sim”), tanto quanto certas partes do discurso que o ator proclama no manifesto (“beber até de manhã”, “sempre ter motivo para beber”), podem talvez puxar um pouquinho a percepção de alguns expectadores mais críticos para a velha idéia negativa da cachaça consumida em excesso.

Mas como ficam as cachaças artesanais?

Consumida tradicionalmente na forma de dose nas classes C e D, e usualmente utilizada em drinks quando escolhida pelo público AB, a aguardente industrial é a que mais tem feito esforço na mídia para chamar atenção da Cachaça. Essas marcas, que movimentam a maior parte da grana na categoria, se inspiram no orgulho de ser brasileiro para valorizar a bebida – e estão, na minha opinião, cada vez mais acertando o tom.  Mas, não posso deixar de falar que nessa luta falta ainda uma maior atenção às características de sabor e aroma inigualáveis da cachaça de alambique. Essas, pouca gente ainda conhece. E, creio eu, é só através dela que o exigente público AB (e dito “formador de opinião”, para utilizar um termo antigo, mas ainda verdadeiro) vai conseguir enxergar a categoria Cachaça como a de uma bebida à altura de suas vodkas, whiskies e Tequilas preferidos. Para chegar lá, parece que a solução mais viável são as associações da classe para promover feiras, eventos ou até campanhas. Ao mesmo tempo, é claro, você que acompanha os passos aqui do Mapa da Cachaça tem visto nosso esforço em divulgar a Cachaça de qualidade trazendo informação, histórias, guias, análises críticas e uma diversidade de outros materiais. Mesmo sem a verba e estrutura das industriais, o MdC tem crescido bastante e, com certeza, também merece estar no rol dos destaques de esforços de marketing em 2011. Modéstia a parte, é claro; mas você há de convir comigo que a Cachaça de alambique tá precisando “se achar” um pouco mais. O Mapa tá aí prá isso.

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