Marketing, atualidades e participação da mulher no mundo da cachaça

  • Publicado 2 anos atrás

Cris Amin, a voz da cachaça Tiê, que não se cala nem em tempos de pandemia, reflete sobre os estereótipos em torno do mercado, apresenta novo projeto ‘Cachaceiras’ e volta a palestrar em 2022.

O que você faria se estourasse uma pandemia pouco após sua marca conquistar o prêmio de melhor cachaça branca do Brasil?  O que para muitos empreendedores seria um grande balde de água fria, para uma cachaceira em especial se transformou numa boa oportunidade não somente para aumentar as vendas, mas também de se aproximar do público reforçando o discurso da cachaça como uma bebida que reúne o tradicional e o moderno. 

Apresentando a cachaça como um elemento cultural que muito diz sobre o Brasil, mas sem se apoiar em estereótipos, Cris Amin se afirma como um dos nomes mais necessários a serem ouvidos no que se refere ao posicionamento de marcas no mercado atual. Junto ao sócio Arnaldo Ramoska, a produtora cultural paulista vem consolidando a Tiê como um emblema de representatividade e marketing social num cenário cercado de machismo e outros preconceitos.

Não tendo a produção de aguardente na tradição familiar, a jornada de Cris Amin em busca de mudanças no mercado se iniciou quando a cachaceira resolveu apresentar ao público a cachaça mineira de alambique típica da região da Serra da Mantiqueira. Porém, ao estudar outras marcas, Cris observou o quanto a propaganda voltada aos destilados eram repletas de discursos que nada diziam sobre o significado e o prazer de apreciar a cachaça. 

“Para a construção da identidade da Tiê, observei bem o mercado e percebi situações que me incomodavam bastante. Entrava em feiras e via que a maioria das propagandas apresentava  o corpo da mulher como principal produto em vez do destilado. A cachaça também era mostrada a partir de uma certa  exploração da figura estereotipada do caipira. Fórmulas que eu achava extremamente preconceituosas”, comenta Cris. 

“Se quisermos apresentar a cachaça com a refinação que ela merece, é necessário mudar todo o discurso preconceituoso ao seu redor.” Com esta perspectiva reformista em relação ao marketing, Cris Amin se estabeleceu como uma espécie de embaixadora cultural no mundo da cachaça, patrocinando artistas em começo de  carreira e apresentando sua visão heterodoxa sobre o mercado em eventos diversos. Ações que amplificaram o sucesso da Tiê Prata, escolhida melhor cachaça branca do Brasil, em 2020, pelo 4º Ranking da Cúpula da Cachaça.

Leia Mais: Cris Amin: a produtora cultural que virou cachaceira

Quase junto a premiação vieram novos desafios ocasionados pela pandemia, mas a cachaceira não abdicou de suas convicções. Novas estratégias digitais fizeram a Tiê crescer em faturamento mesmo num cenário de bares e restaurantes fechados por grandes períodos. A internet e as redes sociais se transformaram nas principais ferramentas de trabalho de Cris, que passou a se conectar mais tempo com o público orquestrando lives educativas a respeito de assuntos relacionados ao universo da cachaça, encontros virtuais com cachaceiros e shows diversos.

Dentro desta nova realidade, surgiu o projeto Cachaceiras, uma iniciativa de Cris Amin, com outras apreciadoras de cachaça, que visa finalizar os preconceitos em torno do destilado mais antigo produzido nas américas. Junto a linguistas, historiadoras e outras pesquisadoras, Cris e  outras integrantes do projeto escolheram como primeiro passo buscar uma reformulação na apresentação do termo cachaceiro em dicionários de língua portuguesa.

“Até hoje quando eu falo que minha profissão é cachaceira sempre escuto risadinhas. Nosso propósito é inserir, não só em dicionários, mas em toda a sociedade a ideia de que nesta palavra está inclusa um significado nobre. Sou cachaceira com muito orgulho. Uma profissional que elabora uma bebida nobre e um dos símbolos culturais do Brasil.”

A iniciativa chamou atenção do tradicional jornal Folha de S. Paulo que dedicou um espaço nobre para apresentação do projeto louvando a iniciativa que também tem como propósito usar as redes sociais para acabar com o machismo em torno das mulheres que apreciam cachaça. “Apresentamos a biografia de cachaceiras que são pesquisadoras, empresárias, bailarinas etc. Todas mulheres bem sucedidas em suas vidas  para assim acabar com a ideia que, durante muito tempo foi preponderante, de que quem consome o produto é alguém que bebe até cair. Todas nós temos nossa responsabilidade social e entendemos sobre cachaça como qualquer homem.”

Volta às feiras, eventos e encontros presenciais

Aos poucos, graças ao estabelecimento de campanhas de vacinação voltadas à população, Cris Amin vem voltando a ser uma das palestrantes mais requisitadas em eventos e feiras, dividindo com o público  experiências à frente do marketing da Tiê. No Encontro Anual de Cachaceiros, evento realizado em Itaverava-MG em janeiro, a empreendedora abordou temas importantes como os desafios de marcas novas para o posicionamento no mercado. “Voltar a palestrar tem sido incrível!  Estou com vários convites para mostrar esse mundo feminino de perto. Eu que amo falar e amo gente estou parecendo uma criança quando desce para o play. Quero muito divulgar a Tiê também o projeto Cachaceiras e suas missões.”

Acompanhe Cris Amin nas redes sociais e saiba mais sobre o Projeto Cachaceiras. (Crédito foto: Gabriel Cabral)

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