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ReporComeçou a valer a partir de primeiro de maio uma lei nacional que proíbe a venda de cigarro por menos de R$3,00 o maço em todo o país. A iniciativa é capitaneada por associações como a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e conta também com apoio da companhia tabagista Souza Cruz. Ela tem como objetivo coibir o comércio ilegal do produto, que chega a oferecer um maço a quase 50% menos que o produto regularizado.
Para parte dos consumidores, no entanto, a iniciativa é mais uma medida a favor da redução do hábito de fumar. Só para constar, um maço de cigarro nos EUA ou na Europa chega a custar quase 4 vezes mais que o valor mínimo estipulado no Brasil (R$11,20 nos EUA e R$12,73 na Europa).
Achei válido retomar o assunto já discutido uma vez aqui, quando apontei o absurdo de uma garrafa de aguardente industrializada custar menos que água mineral ou leite. Se, a priori, para o consumidor desinformado, o ataque no bolso parece negativo, para a valorização da Cachaça a ideia deve ser analisada com mais cuidado. A indexação de um preço mínimo para produtos como estes, ao meu ver, pode beneficiar muita gente. É claro que os maiores beneficiados são a indústria, que não perde mercado do produto clandestino, e, claro, o governo, que arrecada mais impostos com a venda legalizada. No entanto, a indexação de preços mínimos, no caso da Cachaça, poderia dar também maior chance ao produtor da bebida bem feita.
Hoje, meio litro de aguardente industrial pode custar cerca de R$3,50 no supermercado. Em alguns alambiques clandestinos no interior do país, 5 litros de uma cachaça dita “artesanal” feita sem esmero e sem regulamentação, é vendida em garrafão por R$10,00. Comparado a elas, a garrafa de 750ml de uma boa cachaça envelhecida vendida a meros R$20,00 passa a ser considerada caríssima. Fazendo com que produtos de qualidade inferior alcancem preços mais próximos aos que praticam os bons produtores, a Cachaça de qualidade passaria a competir num mercado mais justo. Isto sem contar o fato de que, ao investir nesta fiscalização, aumentaria automaticamente a propaganda sobre a necessidade da legalidade na Cachaça – o que ajudaria a educar também o consumidor a escolher boas cachaças. E, claro, a ação poderia talvez contribuir no combate ao alcoolismo.
Para finalizar nosso balanço da quinzena, mais uma inspiração: a região de Champagne, que produz o famoso fermentado francês, está apostando no Brasil para divulgação da bebida exclusiva da região. A propaganda do Champagne pelo mundo começou já há muito tempo. Em 1954 foi aberto o primeiro “Comité Interprofessionnel du Vin de Champagne” (CIVC) nos Estados Unidos. Agora a França pretende educar os brasileiros sobre as peculiaridades da bebida. Com o lema “todo champanhe é espumante, mas nem todo espumante é champanhe”, o escritório aposta no crescimento do mercado aqui, que dobrou em volume entre 2002 e 2010 (dados do CIVC).
Este é mais um exemplo de como o mercado de alcóolicos vai bem no Brasil, e as bebidas e regiões têm se organizado bem para poder divulgar suas qualidades. Aqui no Brasil, pisamos um pouco na bola com uma tentativa de “protecionismo” ao vinho nacional, mas ainda não temos escritório tão envolvido na divulgação do bem cotado espumante brasileiro. Tampouco da Cachaça.
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