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ResetNão há dúvidas de que todos os caminhos percorridos por Milton Lima trouxeram-no até este momento. E ele não esconde a felicidade. No ano em que comemora 50 primaveras, 20 anos de cachaça e 10 como dono da pousada e cachaçaria Macaúva, o cúpulo, quatro vezes ganhador do prêmio da revista Prazeres da Mesa por suas cartas de cachaça – recebe um novo título.
Autodenominado ativista e defensor da instituição cachaça, agora ele é embaixador da cachaça Pindorama. A jovem marca chega ao mercado brasileiro mostrando todo um espírito de tradição e ancestralidade ao qual seu nome remete.
Sim, chega ao mercado brasileiro, pois fora do país, em selecionados estabelecimentos da Inglaterra e Portugal, a bebida produzida em Engenheiro Paulo de Frontin, no interior do estado do Rio de Janeiro, já é apreciada há quase dois anos. A origem do nome vem do tupi-guarani. Pindorama é um lugar mítico para os povos nativos, designa a terra das Palmeiras livre de males. É o Brasil antes de Cabral, como recitado nos versos da canção homônima do grupo Palavra Cantada.
A cachaça Pindorama nasce desse imaginário, num alambique histórico, no Vale do Café fluminense. Construído em 1855, foi o primeiro da região livre de mão-de-obra escrava 33 anos antes da abolição da escravatura, como conta o site bilíngue da marca. Foi totalmente restaurado e modernizado pela família que adquiriu a Fazenda das Palmas. Hoje, segue um rigoroso processo de produção que respeita e reverencia a floresta. Sem aditivos ou aceleração química, um espírito tradicional.
A primeira vista, o que chama a atenção é o rótulo, que apresenta uma sofisticada ilustração de um terreno repleto de elementos simbólicos como a própria floresta, o índio, o rio e os animais de um Brasil pré-colonização, mas também inclui nessa coletânea a mistura de raças que constituiu o país, representada pelo negro, o caboclo e o português. Além de outros elementos lendários do folclore brasileiro.
Se a imagem já impressiona, o conteúdo que está dentro da garrafa promete conquistar mais ainda. Não é maquiagem nem roupa bonita, garante o embaixador. “A cachaça Pindorama é excepcional!”, diz Milton. A Cachaça Pindorama Prata é armazenada em cubas de aço inox com teor alcoólico de 40%. Uma versão Pindorama Ouro está em processo de amadurecimento.
Para quem possa imaginar que Milton se rendeu ao posto de garoto-propaganda, ele mostra que está preparado para o desafio de inovar e alavancar a comunicação da Pindorama, sem deixar de lado aquilo que defende e acredita. “A Pindorama me deu muita liberdade, inclusive de falar de outras cachaças, o que um embaixador normalmente está proibido, então, além de ser um projeto de comunicação que vou desenvolver desde o começo, e como acredito que deva ser, vou continuar falando de outras marcas. E isso é muito legal!”, destaca.
Nascido na cidade mais cachacista do Estado de São Paulo, Pirassununga, Milton teve contato desde muito jovem com o destilado nacional, vivenciando de perto as diversas faces da cachaça. Desde sua força econômica, ao alcoolismo do pai e o preconceito dos consumidores. Ele mesmo reconhece já ter recusado o destilado que, hoje, tanto admira. E foi justamente se enchendo de tequila com os amigos, na juventude, que Milton passou a questionar a postura dos brasileiros na desvalorização desse importante elemento da cultura nacional.
Ao escrever sobre isso em seu trabalho de conclusão de curso, na faculdade de Marketing, e transportar seus achados, depois, para a internet – num dos primeiros sites sobre cachaça, o cachacas.com -, conheceu um novo mundo, antes inexplorado por ele. Duas décadas se passaram, desde então, e Milton continua a navegar, agora por novas águas, na tentativa de continuar desbravando formas de aplicar o que tem para si como missão de vida: colocar a cachaça na boca dos brasileiros.
Essa história é bem curiosa, porque tenho um amigo em comum com o responsável pela Pindorama. Eu recebi uma garrafa, por ser da Cúpula da Cachaça, e comentei com esse amigo. Me apaixonei de cara pelo rótulo, depois pelo produto, então foi um negócio muito forte. Logo após, recebi uma ligação. Percebi que era a oportunidade de fazer algo do zero. Pegar pela primeira vez uma marca e trabalhar toda a comunicação com o mercado.
Eu acredito na energia das coisas. Tudo é movido por energia e tudo é ação e reação. Quando tomei a Pindorama, ela me remeteu a outras cachaças que eu tinha como referência de uma branca muito boa. Curioso que eu mostrei para alguns amigos e eles falaram a mesma coisa. Foi algo muito verdadeiro, muito mágico. Quando começa bem, as chances de dar certo são grandes. Na Pindorama, tudo está fluindo muito bem.
Eu vejo a Pindorama como uma índia muito bonita, muito esbelta e muito sábia. Eu diria mais, é a mistura do rústico com o sofisticado. Eu adoro sentir os contrastes, a coisa do frio e do quente. Algumas pessoas podem achar isso um absurdo, mas quando um extremo é bem concebido, tem uma magia. Vejo muito isso na Pindorama, como se fosse o requinte da floresta.
A família comprou a fazenda há cerca de 10 anos e tinha o alambique centenário. Quando viram o maquinário, e toda aquela coisa que é muito bonita, resolveram restaurar para que voltasse a produzir cachaça. A restauração durou três anos. A área fica dentro de uma mata virgem, por isso todo o cuidado. Lá, tudo é orgânico, a fermentação é caipira, seguindo a orientação dos proprietários que buscam desenvolver um produto muito bom e exclusivo.
Não é uma cachaça de grandes volumes, então, no começo, vamos vender para o país inteiro, mas vamos concentrar o marketing e os investimentos em São Paulo e Rio de Janeiro, que são os grandes mercados. A cachaça já existe na Inglaterra e em Portugal. No Brasil, faltava resolver um detalhe burocrático que demorou mais do que gostaríamos, por causa da Covid, mas está tudo pronto para o lançamento. Não vejo a hora disso acontecer!
Como ativista, meu papel é colocar a cachaça na boca das pessoas, ensinar como é uma bebida incrível, com diversidade de aromas, cores, sabores, regiões e processos que nenhum outro destilado tem, diminuindo o preconceito. Como embaixador, vou levar a cachaça para os bares, ajudar no treinamento de vendas. É como se eu fosse a personificação da marca. Um embaixador, normalmente, está proibido de tirar fotos ou beber outra cachaça, mas na Pindorama eu tenho liberdade. E isso é muito legal!
Eu vejo a falta de união como um problema sério do mercado. O que falta para a cachaça ser o destilado mais incrível do mundo é a união do setor num trabalho conjunto com o governo. Fazer o que o tequila e o vinho chileno fizeram. Hoje, você prova uma garrafa de 30 reais ou de 500 reais e você tomou um vinho chileno. Com o tequila, o governo mexicano também foi fundamental e quem que ganha com isso é todo mundo.
A primeira coisa é pararmos com essa história de cachaça industrial e cachaça artesanal. Vamos falar de cachaça. Falta pensarmos na cachaça como uma instituição, uma categoria. Fragmentar só divide o mercado, e isso não é bom. Se eu pudesse falar alguma coisa que mudaria o mundo da cachaça seria isso: para o mercado se conscientizar que o inimigo é a vodca, o rum e a tequila. Esses roubam espaço de mercado, não a outra cachaça.
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