Maurício Ayer

Cachaça Tiê, uma caipira moderna

  • Publicado 4 anos atrás

Há cerca de uma década, o casal de paulistas Cris Amin e Arnaldo Ramoska montaram uma estrutura moderna para exaltar a tradição da cachaça mineira produzida na Serra da Mantiqueira. Confira a análise do sommelier Maurício Ayer sobre a cachaça Tiê.

A Tiê é uma cachaça profundamente enraizada nas terras altas da Serra da Mantiqueira. Há mais de 30 anos, mestre Otacílio cuida amorosamente de cada gota que escorre dos alambiques na Fazenda Guapiara, em Aiuruoca, Minas Gerais. Quando o casal de paulistas Cris Amin e Arnaldo Ramoska adquiriram as terras e o engenho, há cerca de uma década, montaram uma estrutura moderna que oferece as condições ideais para que o alambiqueiro e seu filho Tobias desenvolvam sua arte cachaceira.

Canavial da Tiê

Trouxeram também uma sofisticada visão ambiental. Cris e Arnaldo, de fato, fizeram de sua propriedade um santuário da natureza: criaram duas Reservas Privadas de Patrimônio Natural (RPPNs), assegurando a presença da rica biodiversidade da Mantiqueira e a formação contínua das nascentes que alimentam o rio Aiuruoca.

O resultado desse casamento entre história e visão inovadora não poderia ser mais auspicioso. Uma cachaça com muita personalidade, na qual se reconhece a tradição da fermentação caipira e, ao mesmo tempo, a capacidade de inserir-se em contextos sempre diferentes. Por um lado, a Tiê cultiva uma relação de grande intimidade com seu território – sua microflora, sua paisagem e seu clima. Por outro, seus produtores constantemente apoiam ideias inovadoras – em mixologia, gastronomia e cultura – e mostram que a Tiê é tão flexível quanto o voo colorido do passarinho que lhe dá nome.

cachaça tiê
Alambique de cachaça de fogo direto na cachaçaria da Tiê em Aiuruoca, Minas Gerais

Destilada em alambiques de cobre aquecidos em fogo direto, sob o olhar cuidadoso do mestre alambiqueiro, a Tiê Prata é depois descansada por pelo menos seis meses em dornas de aço inox, além de passar por duas filtragens que eliminam qualquer impureza. Do plantio da cana ao engarrafamento, todas as etapas da produção da Tiê são realizadas na Fazenda Guapiara. Por isso tem conquistado as mais importantes premiações nacionais e internacionais.

Análise do sommelier:

Cachaça Tiê Prata

A Tiê Prata tem uma untuosidade mediana, típica de uma cachaça com teor alcoólico de 42%. É cristalina, brilhante. Ao nariz, os aromas de cana e de rapadura prevalecem. Na boca, é o sabor quase ferroso da rapadura que de novo se afirma, de maneira prolongada, com a presença marcante da sensação alcoólica, como deve ser uma cachaça de tradição.

Por suas características, trata-se de uma cachaça que trabalha muito bem na coquetelaria. Mas é preciso que se diga: isso só acontece nas mãos de bartenders que saibam trabalhar com uma verdadeira cachaça. Pois a Tiê não tem nada da bebida neutra que alguns buscam, é uma cachaça que se afirma na sua identidade, é saborosa e aromática. E provocante: convida ao tira-gosto e ao próximo gole.

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