Maurício Ayer

Cachaça Gouveia Brasil: uma viagem pelos sabores

  • Publicado 5 anos atrás

Inspirados numa tradição mineira, os produtores da Gouveia Brasil criaram uma cachaça pronta para o mundo. Confira a análise do sommelier Maurício Ayer.

Produzida na pequena Turvolândia, no sul de Minas Gerais, a cachaça Gouveia Brasil 44 é a filha mais nova de uma tradição centenária. Conta o produtor, o publicitário Roberto Brasil, que seu avô produzia ali, na mesma fazenda, uma cachaça para tomar com os amigos, desde o ano de 1900. Quando Roberto retornou, 50 anos depois, ao lugar que foi o cenário de suas férias quando criança, quis semear e colher um novo sonho dourado: produzir uma bebida especial, que pudesse levar às pessoas todo o amor que ele e sua família têm por aquelas terras.

Munido de história e paixão, Roberto depositou nas mãos de Armando Del Bianco, um dos mais conhecidos e respeitados master blenders do país, a tarefa de desenvolver um destilado equiparado aos melhores do mundo, e que pudesse ser apreciado por todos e todas, inclusive pelos degustadores mais sofisticados. Del Bianco montou seu bunker de barris de carvalho americano e tratou de extrair o melhor da cana, do alambique e da madeira.

ANÁLISE DO SOMMELIER:

Cachaça Gouveia Brasil 44

Para mim, a palavra que define a Gouveia Brasil 44 é intensidade. Repare na garrafa (aliás, de formato exclusivo): o líquido, de transparência brilhante, tem uma coloração densa, que faz desejar uma bebida complexa. Ao servir, reluz como ouro claro. Revolvo a taça para sentir os aromas: de início, um perfume viril, alcoólico, que logo dá lugar a um aveludado cheiro de baunilha, com nota de ameixa seca.

Mexo novamente a taça, observo o redemoinho formado pela bebida. Formam-se lágrimas espessas, que escorrem lentamente. Na boca, preenche todo o palato, combinando um corpo doce com um leve ardor que percorre a língua. O retrogosto vem farto, como uma maré: traz à tona amêndoas torradas e taninos amargos no fundo, barrando a propagação do dulçor. Todo esse movimento se prolonga demoradamente na boca. Convém degustar sem pressa.

Reflito, após algumas doses bem apuradas, que são do mundo as histórias que me conta essa cachaça. Encontro nela o interior de Minas, claro, mas navego também por lugares mais distantes. Sinto-a aparentada a um armagnac ou um rum longamente envelhecido. Sua linhagem é global. Pode ser que, buscando homenagear seu avô, homem da roça, Roberto tenha revelado sua própria essência, a de um homem viajado, cuja nostalgia da fazenda de seus primeiros anos vem dar profundidade a uma bebida sem amarras. O Brasil é, para essa cachaça, antes um porto que uma morada.

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