Aprendiz de produtora de cachaça artesanal em Pirenópolis

  • Publicado 11 anos atrás

Cavalo na sombra na fazenda de Pirenópolis - cachaça artesanal

Em setembro fui participar de um festival de cinema e gastronomia em Pirenópolis. Tudo já estaria mais que perfeito somente com esta composição: cinema, gastronomia e Pirenópolis! Mas meus anjos resolveram me mimar (que bom) e me presentearam com a estadia numa fazenda com engenho!

Parque de diversão para mim! Comecei o dia levando as vacas para a ordenha com o Helio, o cunhado do Jânio, proprietário da fazenda. De recompensa podia usar alguns litros de leite para fazer queijo, ricota, creme de leite, doce de leite com a rapadura!

Fiz pão com a levedura da cana, ficou delicioso! Normalmente eu já faço colocando cachaça na massa, mas com a levedura é outra coisa, o pão dá uma leve caramelizada na hora de assar, lembra um pouco a casquinha do pão preto, também desenvolve um amargor bem sutil, deixando o pão bem saboroso.

Depois acompanhei o Jânio e a Mig, proprietários da fazenda Morro Grande, no preparo de rapadura! Trabalhamos até tarde da noite aquele dia, passava da meia noite quando eles saíram do engenho, e a brincadeira foi que eu não falava mais coisa com coisa, meu cérebro havia parado de tanto cansaço.

Enquanto tirávamos espuma da rapadura, tínhamos que lavar as formas de madeira, alimentar os fornos, mexer o melaço que estava sendo cozido num outro caldeirão. E gente, que dureza alimentar fornos o dia inteiro!

Na hora que a rapadura ficava no ponto, correria para tirar ela rapidinho e não deixar o tacho vazio com o fogo tão alto, logo já estava cheio de garapa pra mais uma remessa. E lá vamos nós tirar espuma…. Assim foi o dia todo. Adorei a experiência, senti no corpo o esforço de fazer um produto artesanal.

No dia seguinte fizemos cachaça artesanal. A cana é colhida ao lado do engenho. Depois de fermentar o caldo, a levedura no mosto já estava boa para o Jânio pôr para alambicar.

Que demais a expectativa pra saber a hora que ela vai pingar. Fica todo mundo fazendo várias coisas na fazenda, mas sempre de orelha em pé pra ver se já “pingou”. E quando pinga, tem que ficar esperto para trocar a vasilha, tudo bem sereno e artesanal. O processo em si daria um ótimo filme para a próxima amostra de cinema e gastronomia.

O tempo estava quente e a garapa bem doce. Da destilação da cana nasceu uma cachaça suave, marcante mas adocicada, transparente e com aroma forte.

Quando eu fui embora da fazenda Morro Grande me sentia da família e lembrei do porque sinto orgulho de ser brasileira: a generosidade! Eles me abriram o coração, a casa, compartilharam a rotina da família sem frescuras, o nosso objetivo maior era ajudar, cuidar, ninguém economizou energia para alegrar o outro. Essa simpatia brasileira muitas vezes pode ser confundida com superficialidade ou fugacidade, mas eu vejo e sinto como um desejo sincero de fazer o próximo feliz, dividir a alegria de estar junto, mesmo que seja por um dia, enquanto produzimos cachaça artesanal.

As pessoas são importantes, nós brasileiros sabemos disso!

 

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