Pedro Cellia pesquisa sobre os benefícios da cachaça para o coração

  • Publicado 5 anos atrás

Vindo de uma família de médicos, Pedro Cellia cresceu na fazenda Tupã, berço também da cachaça Princesa Isabel. Batemos um papo com o cardiologista, que busca entender se há benefícios da cachaça para o coração.

Pedro Cellia, pesquisa sobre o consumo consciente de bebidas alcoólicas e potenciais benefícios para o coração

Como começa a paixão por cachaça

Nascido em Vitória – Espirito Santo, o médico cardiologista Pedro Cellia se recorda da infância, quando o pai adquiriu a Fazenda Tupã, em Linhares (ES), o que ocasionou muitos fins de semana no interior admirando a estonteante beleza do Rio Doce e as cores da natureza capixaba.

A bela fazenda do anestesista Adão Cellia, patriarca da família, tinha como tradição agropecuária e a produção de cacau, entretanto, em 2008, Adão começou a estudar sobre o cultivo de cana de açúcar e destilação de cachaça.

Crescido no meio de doutores, Pedro foi estudar medicina na Universidade Federal do Espírito Santo e no meio tempo ia para Fazenda Tupã sentir o gostinho da vida do campo. Foi dessa vivência que começou seu interesse pelo mundo da cachaça e suas particularidades. 

O que começou como estudo e interesse, em 2016, se transformou na cachaça batizada de Princesa Isabel – uma das mais premiadas no meio e com certeza um dos maiores orgulhos da família Cellia.

PRINCESA ISABEL PRATA
Fazenda Tupã, casa da cachaça Princesa Isabel

Cachaça pode fazer bem para o coração?

Depois de formado, Pedro veio para São Paulo com a finalidade de fazer residência em clínica e cardiologia na USP. Acabou entrando para o departamento de pesquisa sobre aterosclerose, uma inflamação formada por placas de gordura que se acumulam no coração e pode acarretar um acúmulo na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo humano, como por exemplo o cérebro.

Ao começar a estudar esta área da cardiologia, posteriormente o médico descobriu que haviam pesquisas que relacionavam o uso moderado do álcool e a redução da aterosclerose e do risco cardiovascular.

Nos conte mais sobre a sua pesquisa. Você começou a estudar os benefícios da cachaça por causa da história do destilado na sua família?

Pedro Cellia: Por eu ser de uma família que produz cachaça e sabendo dessas pesquisas, resolvi começar a procurar sobre o estudo de uso moderado de cachaça e benefícios cardiovasculares e descobri que praticamente não existe quase nada sobre isso. Resolvi fazer meu primeiro estudo controlado e randômico em humanos com esse intuito. A pesquisa ainda está passando por fases, mas de um modo geral já é constatado que vinho e outros destilados trazem benefícios para o coração.

E você acha que se a pesquisa apontar que de fato a cachaça pode ser benéfica, vai ajudar a tirar esse estigma negativo sobre a bebida?

Pedro Cellia: Eu não tenho certeza mesmo que tiver um resultado positivo, pois o grande problema da cachaça está com a veiculação do consumo abusivo, e não por um consumo de apreciação. (…) Todo estudo que a gente faz buscando o benefício do álcool são com base em doses moderadas. O recomendado são duas doses diárias para o homem, e uma dose para a mulher. É preciso que as pessoas entendam que estamos falando de um uso introspectivo e de apreciação.

E seu pai, Adão Cellia? Ele continua exercendo a medicina, ou agora só fica com a produção da Princesa Isabel?

Pedro Cellia: Meu pai ainda trabalha como médico e se divide com a produção da cachaça e toda a coordenação técnica fica por conta do Leandro Marelli. Inclusive eu e minha irmã, Gabriela, também estamos por trás de todo o conceito de identidade da marca.

O nome da cachaça foi inspirado na Princesa Isabel do Brasil? É uma homenagem?

Pedro Cellia: É uma homenagem, mas não a essa Princesa Isabel e sim à minha mãe, também Isabel, artista plástica maravilhosa e que inspirou os rótulos da nossa cachaça. A ideologia da marca sempre foi de entregar um produto que seja expressão da nossa terra e da nossa gente!

Familia Cellia, Pedro Cellia, Adão Cellia e Isabel Cellia
Pedro com os pais, Adão e Isabel. Família de produtores de cachaça de alambique no Espírito Santo.

O que você tem visto no mercado de cachaça que tem te chamado atenção?

Pedro Cellia: Tem muitos produtores fazendo trabalhos incríveis! O pessoal do sul tem uma linhagem própria de cachaça que eu tenho admirado muito, como o Evandro da Weber Haus, Harmonie Schanaps Prata e Amburana, a Companheira carvalho é incrível e daí tem do nordeste a Caraçuípe. A cachaça Matriarca tem feito uma mudança técnica interessante e as cachaças do sudeste é covardia falar, não tem nem como.

Nós queremos saber quais do sudeste estão no seu radar…

Pedro Cellia: Eu gosto muito da região de Paraty, acho que  tem uma história, muita particularidade, sabor… eu acho que Paraty tem uma expressão de terroir muito interessante e também a região de Coronel Xavier Chaves, em Minas, eu acho que o Nando Chaves, lá da Século XVIII, é um cara emblemático.

E da Princesa Isabel? Qual você tem apreciado mais ultimamente?

Pedro Cellia: A Princesa Isabel Amburana é uma cachaça interessante que envolveu muita técnica e três mudanças de barril, é uma das cachaças que mais gostei da produção nos últimos anos. Eu também tenho tomado muita Princesa Isabel Prata e estou apaixonado pelo novo rótulo que será lançado em setembro, que eu acredito que será uma grande novidade no mundo da cachaça. É uma surpresa que vai vir aí em setembro, o novo blend é totalmente influenciado por mim e pelo Leandro Marelli e traz muito do que eu aprendi nos últimos anos e o que eu vi de diferente nesse mundo da cachaça.

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