Quem disse que cachaça não é coisa de mulher? Saiba que historicamente as mulheres tiverem um papel muito importante para a produção de cachaça no Brasil. Alessandra Trindade, pesquisadora e autora de “Cachaça, um amor brasileiro”, nos contou um pouco mais sobre essa relação entre as mulheres e a cachaça:
Um fato interessante: na época da exploração das pedras preciosas e dos metais preciosos, os homens saiam para a mineração e tinham os pequenos alambiques nas casas, nas roças, nas pequenas fazendas e as mulheres eram as responsáveis pela fabricação da cachaça – Alessandra Trindade.
De lá pra cá, as mulheres estão invadindo o mercado da cachaça artesanal e continuam produzindo cachaça de qualidade, voltada agora para exportação. “As pessoas me perguntam: por que você está fazendo cachaça? Não tinha outra coisa pra fazer?”, conta Andreia Britto, proprietária e diretora da cachaça Fonte Imperial. Pois foi o próprio pai de Andreia que a levou para o mundo da bebida. Quando ele a convidou para montar um alambique em Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul, ela largou o emprego na área exterior e associou-se à irmã para criar a Fonte Imperial. Em um ano, sua produção já atingiu 50 mil litros por safra e é encontrada no varejo por R$ 14 a garrafa, contra R$ 3 da cachaça industrializada.
Em geral, as próprias famílias abrem as portas dos alambiques para as mulheres, como ocorreu com Andreia. A mineira Dirlene Maria Pinto nasceu em um clã repleto de irmãos e tomou gosto (empresarial, diga-se) pela cachaça ainda criança, quando observava o pai produzindo pinga na fazenda. Anos depois, junto com os irmãos, transformou o passatempo paterno em um empreendimento e lançou a cachaça Germana. A produção anual, de 100 mil litros, é exportada para a Inglaterra, o que garante faturamento de US$ 350 mil. Em outra frente, Dirlene comanda a Coocachaça, cooperativa que reúne 72 pequenos produtores. Juntos vendem a Samba&Cana, para países como Portugal, EUA, Alemanha e Inglaterra, colhendo US$ 600 mil por ano. “Estamos nos esforçando para introduzir cada vez mais a cachaça de alambique no exterior”, conta Dirlene.
No mercado produtor também se destacam premiadas cachaças produzidas por mulheres, como a Cachaça Da Quinta da produtora Katia Espirito Santo, a Cachaça Maria Izabel da produtora Maria Izabel Gibrail Costa, a cachaça Bassi da Viviane Bassi, a Sanhaçu da Elk Soares e a Cris Amin da Cachaça Tiê.
No meio acadêmico, a Dra. Aline Bortoletto e a mestranda Ana Carolina Corrêa da USP de Piracicaba, a Dra. Amazile Biagioni Maia e a mestranda Lorena Marinho do LAMB em Belo Horizonte se destacam com pesquisas de ponta sobre todas as etapas da cadeia produtiva da cachaça.
A designer Mariana Jorge elabora seus artigos sobre a inesgotável criatividade brasileira presente nas marcas e rótulos de cachaça. Os rótulos são retratos do Brasil e falam sobre nossa geografia, história, flora, fauna e cultura popular. As pesquisas da Mariana podem ser encontradas no site da Fábrica de Ideias Brasileiras (FIB) e no site do Mapa da Cachaça.
A sommelier Isadora Bello Fornari talvez seja hoje a principal profissional de salão de bares e restaurantes que contribui para o avanço do mercado ao educar consumidores sobre a importância do consumo consciente e sobre as riquezas sensoriais da bendita.
Em diversos bares e restaurantes do país, as mulheres também mostram todo o potencial da cachaça na nossa gastronomia e coquetelaria. Carolina Correia Bastos, dona do Bar e Restaurante Jiquitaia, as chef Bia Goll e Elzinha Nunes, as bartenders Jessica Sanches, Talita Simões, Adriana Pino são alguns nomes dessa nova geração que trata a cachaça com o devido respeito e admiração.
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